É intrigante constatar que a prosperidade da Europa acabou afastando-a do cristianismo.
A isso eu reputo, principalmente o fato de que o ministério pastoral migrou de sua condição original de "serviço" para uma situação de "carreira", com direito a promoções hierárquicas, etc. Senão vejamos:
- Quando se estabelece uma hierarquia eclesiástica, quem de fato desejará permanecer no primeiro nível por toda a vida? O pastor da pequena igreja desejará migrar para a congregação maior; o pastor da congregação maior desejará tornar-se bispo regional; o bispo regional, por sua vez, desejará tornar-se bispo nacional e depois, bispo mundial.
- Dessa forma tudo que for feito pelo ministro terá como propósito projetá-lo como potencial candidato aos patamares hierárquicos superiores. A preferencia será por implementar ou desenvolver todo tipo de programa que lhe confira visibilidade cada vez maior. Somente aqueles realmente imbuídos do senso verdadeiro de ministério não desejarão trilhar esse caminho - eles e os medíocres, que por reconhecida incompetência não almejarão ascender ao poder.
- Com isso, ocorre também uma mudança radical no perfil dos vocacionados. A ver com o testemunho da carreira eclesiástica dos que ascendem aos postos de comando superior, cada vez mais vocacionados espirituais cedem seus lugares a vocacionados de carreira, que pouca ou nenhuma espiritualidade trazem na bagagem.
- Nada disso ocorre da noite para o dia, mas num processo de décadas. A Europa não amanheceu apóstata, mas foi se voltando à apostasia aos poucos: um sincretismo aqui, um "nada a ver" ali, um sofisma de humanismo acolá, um interesse econômico trans-acolá, etc.
- Se devemos enviar missionários à Europa? Claro que sim! Mas preparados para uma mentalidade diferente daqueles que são enviados a terras nunca-alcançadas, pois nas terras não alcançadas, as pessoas simplesmente nunca ouviram falar de cristianismo - é um tipo de trabalho específico. Já na Europa, as pessoas estão saturadas e enojadas daquilo no que o cristianismo europeu se tornou. Trata-se de um trabalho de resgate, onde o missionário já chega com a pecha de infame, ladrão e corrupto, tendo por missão mostrar que nada disso é cristianismo.
Diria eu que atualmente, este é um dos mais árduos trabalhos missionários nesse século: resgatar aqueles que perderam a fé em Cristo por culpa da própria igreja.
Que DEUS tenha misericórdia de nós.
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