"Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso". (Provérbios 30:5-6)
Acabam de lançar, na Alemanha, uma versão da Bíblia com uma linguagem alegadamente "mais justa". Ao ler essa notícia, não consigo deixar de perguntar:
1. O que é a justiça humana, para considerar uma linguagem "mais justa" para a Bíblia?
2. De que vale ter acesso aos originais em hebraico, aramaico e grego, se a intenção por trás da nova tradução é baseada na mente e no coração da geração atual, corrompida pela saturação de ventos de doutrina e heresias as mais diversas?
3. Com que autoridade modificamos o contexto histórico de um texto sagrado, inserindo elementos inexistentes e inaceitáveis para a cultura do povo que os gerou?
Não se trata de um mero exercício de linguística, alimentado pela vaidade humana de ter a primazia de publicar uma Bíblia que leve a sua marca. Abandona-se premissas da Exegese e da Hermenêutica para lançar um produto mais palatável aos consumidores. Falo isso com a autoridade de quem já vivenciou os meandros do Marketing em grandes corporações e seus desdobramentos quase nunca positivos na vida das pessoas.
Tratamos aqui de todos os desdobramentos decorrentes das distorções nos perfis históricos de cada povo ali envolvido no contexto bíblico. Tratamos aqui do ínfimo detalhe que contamina toda uma doutrina outrora sã. Por ser tão ínfimo, a maioria não lhe dá importância, mas pensemos bem: o que é um micróbio em termos de complexidade se comparado a um homem? No entanto, certos micróbios são capazes de devastar populações humanas inteiras em questões de dias. Preciso exemplificar?
Ademais, hoje em dia, chega a ser cômico, se não beirasse o trágico, tentar realizar uma leitura bíblica com a congregação durante os cultos, pois são tantas as versões diferentes: tradicionais, modernas, revistas, atualizadas, corrigidas, adaptadas, distorcidas, amputadas, acrescentadas... todas elas clamando para si a titularidade de ser a mais fiel aos originais, a mais fácil de ler, a mais fácil de obedecer. O resultado final geralmente é a impressão, a partir de certo ponto da leitura, que estamos lendo o versículo errado, pois o irmão ao lado lê palavras diferentes da que estão na nossa Bíblia. Fora a balbúrdia que toma o lugar do que deveria ser uníssono. Com isso, perde-se a concentração e a eficiência esperada pela leitura. Ora, dirão os teóricos, a língua é algo vivo, que evolui com o tempo. No entanto, é bom lembrar que o tempo também se encarrega de mudar o sentido de determinadas palavras entre os povos.
Querem um exemplo? Busquem nos dicionários o significado de "meninas" no Português de Portugal e "batatas" no Latim. Ora, falamos o mesmo idioma e temos a mesma raiz idiomática, mas então por que será que não posso escrever aqui as respostas que encontrarei nesses dicionários sem causar escândalo? Simples: porque o significado de "meninas" em Portugal e "batatas" no Latim é considerado ofensivo no Brasil, que fala Português, que é uma língua derivada do Latim.
No entanto, volto a lembrar: é esse mesmo argumento que alimenta a multidão de versões que hoje campeiam pelo mercado, para atender exigências do mercado e gerar a prosperidade dos mercadores. Se existe um deus que se apraz dessa confusão, esse deus certamente é Mamon.
Já cheguei mesmo a pensar em lançar uma campanha pró-padronização das Bíblias nas congregações. Decidir-se-ia por uma tradução e aquela passaria a ser o padrão para a congregação, para que todos lessem o mesmo texto, sem margem para multiplicação das interpretações, que já são muitas a partir da mesma tradução - que dirá a partir das tantas outras.
Certamente uma proposta como esta causaria engulhos e murmurações nos empedernidos defensores da liberdade de expressão dentro das congregações, ao mesmo tempo que causaria arrepios de satisfação nos mercadores, que já anteveriam possibilidade de lucros ante um projeto dessa magnitude. Imaginem uma congregação de 200 membros que resolva padronizar suas Bíblias: Serão 200 Bíblias novinhas em folha, encomendadas ao livreiro. Será que até nisso Mamon rirá das pobres intenções humanas de se libertar do seu jugo maligno?
É irônico como conseguimos aceitar melhor o fato de lermos a mesma revista de estudo nas Escolas Dominicais do que ler a mesma versão da Bíblia nos cultos. Onde está o erro, irmãos? Certamente na vaidade humana.
sábado, 16 de junho de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário