sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Fim de Festa - Feliz Ano Novo

O grupo é eleito para administrar um estado que produz 75% do petróleo do país. Fazem Copa do Mundo, Olimpíada, tudo com a promessa de que muito dinheiro vai entrar na economia do estado. Vai ser bom pra todo mundo...

Aí um dia você acorda.

Passou a Copa (gol da Alemanha!), a Olimpíada - e tudo que sobrou são esqueletos de instalações, onde o que prolifera é mato, ratos e insetos vetores de epidemias, que farão o governo licitar toneladas de vacinas para doenças erradicadas há mais de um século.

Mas ainda temos o petróleo... Só que a empresa que o extrai e refina foi quebrada por anos de corrupção numa escala inédita na história desse país. E os royalties foram esquartejados entre municípios que nem poço tem, que dirá petróleo.

Depois da festa, descobrimos que os nossos eleitos gastaram tudo e roubaram quase tudo.

E você tem peninha deles, porque alguns deles choram na cadeia, enquanto a grande maioria continua te roubando e gastando o que não pode.

A novidade agora é que vão entregar a companhia de água e esgoto para pagar parte da dívida, para poderem continuar te roubando em paz.

É... Você bem merece tudo isso e o que ainda está por vir.

Que DEUS tenha misericórdia do Rio de Janeiro - mas só depois do Carnaval, que já está chegando e você quer brincar, afinal você também é filho de DEUS...

quarta-feira, 11 de maio de 2016

A Guerra do Cordeiro


– por Brian Zahnd, em 08/05/2016 
(trad: Robson Lelles)

Aqueles que querem agarrar uma visão primitiva de um Deus violento e vingativo costumam citar a passagem do cavaleiro branco do Apocalipse. Eles dizem algo como: "Jesus veio a primeira vez como um cordeiro, mas ele está voltando pela segunda vez como um leão." (Apesar do fato de que nenhum leão é visto em alguma passagem do Apocalipse - o leão é o Cordeiro!) Por isto, querem dizer que o Jesus não violento dos Evangelhos vai se transformar no que eles fantasiam ser o Jesus hiperviolento do Apocalipse.

Infelizmente, os defensores desta interpretação falha parecem preferir o seu Jesus violento imaginado do futuro sobre o Jesus não violento dos Evangelhos. Em um nível básico, eles essencialmente veem a Bíblia dessa forma: Depois de uma longa trajetória longe da violência divina do Antigo Testamento, culminando em Jesus renunciando à violência e chamando seus seguidores a amar os seus inimigos, a Bíblia em suas páginas finais abandona uma visão de paz e não-violência, como última instância inviável e fecha com o retrato mais vicioso de violência divina em toda a Escritura.

Nesta leitura de Apocalipse, o caminho da paz e do amor que Jesus pregou durante a sua vida e aprovado em sua morte, é rejeitada pela desgastada fórmula de guerra e violência. Quando literatizamos as imagens militares do Apocalipse, chegamos a esta conclusão: No final, até mesmo Jesus desiste do amor e rende-se à violência. Tragicamente, aqueles que se recusam a abraçar o caminho da paz ensinado por Jesus usam a guerra simbólica do Apocalipse 19 para silenciar o Sermão da Montanha.

Este tipo de hermenêutica tem implicações desastrosas; silencia a mensagem de paz e perdão de Jesus. Quando literatizamos as imagens irônicas e simbólicas empregadas por João em Patmos, ilegitimamente usamos Apocalipse para dar licença para nossa própria violência infernal. Nós racionalizamos: se Jesus vai matar duzentos milhões de pessoas em seu retorno, o que importa se matarmos cem mil pessoas em Hiroshima?

Mas João, o Revelador, está realmente tentando nos dizer que no final o Cordeiro vai se transformar na derradeira máquina de matar? Claro que não é isso o que João está dizendo!

Em primeiro lugar, devemos lembrar que toda a Revelação é comunicada em símbolos teatrais – toda ela!
  • Gafanhotos que se parecem com cavalos, com rostos humanos, cabelo de mulher e dentes de leão.
  • Um exército de dois milhões de soldados que montam cavalos com cabeça de leão, que respiram fogo e arrotam enxofre.
  • Um dragão vermelho nos céus, com sete cabeças, que varre um terço das estrelas com sua cauda.
  • Uma besta de sete cabeças, do mar, com o corpo de leopardo, pés de urso, e boca de leão.
  • Um anjo no céu, com uma foice gigante, que colhe as uvas da terra e as coloca num lagar, que gera um rio de sangue de duzentas milhas.

Estes são todos símbolos! Nenhum deles é literal! Assim como Jesus, que monta um cavalo branco voador, vestindo uma túnica encharcada de sangue, com uma espada saindo da boca, é um símbolo. A questão é: o que é João nos comunica com os seus símbolos criativos?

Para começar, o cavaleiro sobre o cavalo branco é chamado “Fiel e Verdadeiro”, e seu nome é a palavra de Deus. João não está descrevendo um evento literal no futuro, mas dando-nos uma realidade simbólica sobre o presente - João está representando o triunfo glorioso da Palavra de Deus (Jesus Cristo). Aquele que é chamado “A Palavra de Deus” não está montando o cavalo vermelho da guerra, mas o cavalo branco do triunfo. Jesus não vence o mal pela guerra, mas por sua palavra. É assim que Jesus combate sua guerra justa. Jesus não combate a guerra semelhante à besta assassina de Roma; Jesus guerreia como o Cordeiro abatido de Deus.

Como Eugene Peterson diz em “Reversed Thunder”, seu excelente livro sobre o Apocalipse: "O ardil perene é glorificar a guerra, para que possamos aceitá-la como um meio apropriado para atingir metas. Mas isso é o mal. Ela se opõe a Cristo. Cristo não monta no cavalo vermelho, nunca."

Depois de montar o jumento da paz no Domingo de Ramos, para contrastar o seu reino de paz com os impérios violentos de um mundo pagão, Jesus não se contradiz mais tarde, montando um cavalo de batalha em uma imitação exagerada de Genghis Khan.

Talvez João de Patmos espere demais dos leitores modernos, mas ele presume que vamos manter em mente que Jesus é - e sempre será - o Cordeiro abatido. Como Richard Bauckham nos lembra em sua “Teologia da Revelação”: "Quando o Cordeiro abatido é visto 'no meio do' trono divino no céu, o significado é que a morte sacrificial de Cristo pertence à maneira como Deus governa o mundo."

Cristo sempre reina a partir da cruz, nunca a partir de um helicóptero de ataque Apache!

João sublinha que Jesus reina através do auto-sacrifício, descrevendo o cavaleiro do cavalo branco como vestindo uma túnica encharcada de sangue, antes da batalha começar. O manto de Jesus é embebido em seu próprio sangue. Jesus não derramou o sangue de inimigos; Jesus derrama o próprio sangue. Este é o evangelho! O cavaleiro sobre o cavalo branco é o Cordeiro abatido, não a Besta assassina.

Para reforçar ainda mais sua posição, João nos diz que a espada que o cavaleiro usa para ferir as nações não está na sua mão, mas em sua boca. Esta não é a espada de César, mas a palavra de Deus. O Revelador assim deseja que nós não percamos este ponto, quando vem a público e nos diz: "... e seu nome é chamado ‘a Palavra de Deus’." É como quando uma charge política rotula o símbolo para se certificar de que o identificaremos corretamente. A espada não é uma espada; a espada é a palavra de Deus.

Se combinarmos todos os símbolos criativos de João, a mensagem é clara: Jesus vence a guerra pelo auto-sacrifício e com o que ele diz. Jesus combate o mal pelo co-sofrimento do amor e a palavra de Deus. Esta é a guerra justa do Cordeiro.

Os cristãos são chamados a acreditar que o co-sofrimento do amor e a palavra divina é tudo que Cristo precisa para vencer o mal. Um mundo caído - viciado em guerra - não acredita, mas os seguidores de Jesus acreditam... ou deveriam! Se Jesus vence o mal matando seus inimigos, então ele é apenas mais um César. Mas a essência do Apocalipse de João é que Jesus não é nada como César! A guerra do Cordeiro em nada se parece com a guerra da Besta. Jesus não é como César; Jesus não guerreia como César. Ignorar este ponto é não compreender tudo o que o Apocalipse está tentando revelar! A guerra do Cordeiro é a mesma guerra que o apóstolo Paulo descreve à igreja de Corinto: "Nós somos humanos, mas nós não combatemos a guerra como os humanos. Nós usamos as armas poderosas de Deus, não as armas do mundo, para derrubar as fortalezas do raciocínio humano e destruir falsos argumentos. Nós destruímos todos os obstáculos orgulhosos que mantém as pessoas afastadas do conhecimento de Deus. Nós capturamos seus pensamentos rebeldes e ensinamo-los a obedecer a Cristo. ” (2 Coríntios 10: 3-5)

Este é o tipo de guerra que está simbolicamente representado em Apocalipse com um cavaleiro em um cavalo branco chamado “A Palavra de Deus”, que usa um manto encharcado em seu próprio sangue e empreende uma guerra justa com uma espada saindo de sua boca.

Esta não é uma guerra literal, esta é uma guerra simbólica. Esta não é uma guerra futura; Cristo está travando esta guerra agora. Eu sei que Cristo está travando esta guerra agora, porque eu estou entre aqueles que foram mortos à espada da sua boca e levantado novamente para novidade de vida! Jesus me mata. Ele me mata com a sua palavra divina. E em matar-me, ele me liberta. Esta é a salvação. João, o Revelador está nos mostrando como Jesus salva o mundo, e não como Jesus mata o mundo.

O livro de Apocalipse não é onde a boa nova do evangelho morre. O livro de Apocalipse é onde a boa nova do evangelho encontra sua expressão mais criativa. Através de imagens oníricas inspiradas, João, o Revelador, se atreve a imaginar um mundo onde o pesadelo da guerra sem fim, finalmente sucumbe ao reinado pacífico de Cristo. E eu, por exemplo, acredito na visão que João teve.

O reino do mundo tornou-se agora o Reino de nosso Senhor e do seu Cristo e ele reinará para todo o sempre. - Apocalipse 11:15

Digno é o Cordeiro!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Francisco versus os Devoradores da Carne e da Lã do Rebanho

Apenas é preciso completar a frase antes de opinar: Francisco, o papa católico, disse que, HUMANAMENTE, a morte de Cristo foi um fracasso. Dito isto, podemos começar a debater a afirmação dele, a saber:

1. Os judeus esperavam por um Messias humano, 100% homem, mas não 100% DEUS. Pura distorção das profecias mal interpretadas por seus sacerdotes e líderes políticos.

2. Se Jesus prevalecesse como Homem, como poderia, depois de tudo, tentar convencer o povo e os próprios discípulos, de que ele era Filho de DEUS, e portanto, 100% homem e 100% DEUS, já que vencera como homem? Como faria para tentar convencer o povo a respeito de outros candidatos a Messias que vagavam e vagariam por Jerusalém e pelo resto do mundo a partir de então? Que força teriam as profecias sobre a ressurreição e a vitória sobre a morte,sem que morte houvesse para ser derrotada, já que ele estaria vivo?

3. A morte do corpo carnal de Jesus naquela cruz foi sacrificial aos olhos de DEUS, mas aos olhos dos homens mal instruídos, porque cegos e surdos pela vontade do próprio DEUS, significou a derrota do tão esperado líder político-militar-religioso que tantos aguardavam. DEUS ali derrotava a um falso deus. Isso mostrou aos homens que a salvação não poderia vir através da criatura, mas do Criador. Ali, o sacrifício foi consumado, mas ainda não havia sido reivindicado pelo próprio Jesus ao Pai. Até ali, tudo que os homens tinham para si era a certeza de que aquele "homem 100%" não era o rei-general-sacerdote que eles tanto esperavam. Uma derrota fragorosa, portanto, aos olhos humanos. Uma derrota necessária e dolorosa - Eli! Eli! Lemah sabactâni? -, para que a vitória final, de cunho espiritual, pudesse ser totalmente esmagadora sobre o caluniador, sem mais contra-argumentos ou réplicas.

4. A ida de Jesus ao Inferno e sua pregação-sentença aos que ali estavam, e a tomada da chave do Inferno das mãos do caluniador, foi o começo do processo de restauração.

5. A RESSURREIÇÃO de Jesus foi o sinal da vitória sobre a morte, prometida por DEUS no Éden e tantas vezes propalada por seus profetas. Aí sim, os homens souberam que a morte estava vencida, mesmo após os três dias de sua efetivação, que é quando os sinais de decomposição do cadáver já começam a se evidenciar. Na ressurreição foi conhecida a verdadeira vitória.

6. O que Francisco quis dizer é que a salvação não pode vir de homens, que são mortais e falhos, mas de DEUS, que é imortal e infalível, Ele próprio o Criador e o realizador do que planejou. Ali ele devolveu Castro, Obama, Putin, Dilma, Bashar Al-Assad e todos os poderosos ao seu devido lugar.

7. O que alguns homens desejam, ao difamar o discurso de Francisco, é prosseguir vendendo aos seus rebanhos a falsa impressão de que a salvação virá através da submissão desse rebanho a homens tão falhos como eles próprios, do clero corrupto e corruptor de almas. São devoradores da carne e da lã do rebanho que DEUS lhes permitiu pastorear, e a Ele, somente a Ele, prestarão conta. Por isso, devemos estar atentos e corrigir nossas posturas em relação ao nosso real entendimento sobre as Escrituras.

8. Este é o evangelho que deve ser pregado: Que DEUS amou ao mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna.

9. Outra fosse a história e nada disso teria acontecido de forma tão perfeita, como só DEUS Pai sabe fazer.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Trinta Anos Hoje






Há exatos trinta anos, eu caminhava através da porta de entrada de uma UTI, estranhando como podia um paciente adentrar uma UTI caminhando com os próprios pés. Tudo que eu sentia era um cansaço que não era sono, mas literalmente debilidade. A equipe médica mandou que eu me despisse e me deitasse na cama. Pensei comigo: se me cobrirem com o lençol até a cabeça, então é porque eu morri e ainda não me dei conta do fato. Menos mal: fui coberto até a altura do peito e imediatamente aplicaram terminais de monitoramento cardíaco, o que naquela altura do fato era uma boa notícia: havia um coração batendo naquele corpo de vinte e dois anos incompletos, deitado naquela cama.


Há exatos trinta anos eu iniciava, ainda sem saber, uma luta ferrenha contra um tipo sorrateiro e tremendamente agressivo de câncer no sistema linfático. Sorrateiro, porque até aquele momento, tudo que eu sentia era cansaço, já por dois dias, que eu tomei como um início de resfriado, afinal o tempo andava frio e úmido. O senso comum espera que um paciente de linfoma apresente gânglios linfáticos aumentados, mas nada disso ocorreu comigo. Só o cansaço, até então. Agressivo, porque minha medula vinha produzindo milhões de linfócitos alterados, gigantes, que não reconheciam as outras células do sangue como amigas. Em suma, meu sangue havia se tornado, silenciosamente, uma massa avermelhada com lixo de células em suspensão. Era como se eu estivesse me autodevorando, silenciosa, porém contínua e velozmente. A propósito, tanta matéria morta em suspensão no meu sangue entupiu a minha válvula mitral e meu coração não conseguia bombear a quantidade adequada de sangue para o corpo, que sem a quantidade mínima de oxigênio, não conseguia converter alimento em energia. Por isso eu cansava tão facilmente.


A partir daquele vinte e um de abril de 1985, o Brasil se despedia de Tancredo Neves e eu era apresentado àquela que seria a luta pela minha vida. Foram dois anos e meio de lutas que incluíram cirurgia, quimioterapia, radioterapia, psicoterapia, fisioterapia e muito amor e dedicação da família, amigos e equipe médica, liderada pela Dra. Cláudia Bettoni, hoje uma grande amiga. Graças a essas almas generosas que DEUS Todo Poderoso colocou no meu caminho, todos os dias eu quebro o meu próprio recorde de sobrevivência. 


A Ele, toda a honra, toda a glória e todo poder, ontem, hoje e sempre.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ÍDOLOS (Cordel Indignado, @1998)

O homem chega e já vai avisando:
"Arrependei-vos! Jesus Cristo está voltando!"
Abraçado a uma imagem inerte
De Bíblia na mão, ele vem e adverte


Que não podemos continuar assim
Que este mundo já está no fim
Mas acontece que ele a si mesmo ignora
Idolatrando um pedaço de tora


Como pensa conseguir
Salvação dessa maneira,
Curvando-se a ídolos
De carne, pedra, metal e madeira?


A rádio chega e anuncia pro povo:
"Aquela banda lançou CD novo!"
Capa bonita, visual caprichado
Pra garantir que é tudo santificado


E logo toca a primeira, ai, que luz!
Tem "glória a DEUS!", "Aleluia!", "Jesus!"
Eu não devia, eu sei que eu não posso,
Mas você pode me dar seu autógrafo?


Como pensa conseguir
Salvação dessa maneira,
Curvando-se a ídolos
De carne, pedra, metal e madeira?


E ela leva um amuleto da sorte
Que na verdade é sua sentença de morte
Pois o que ela leva pendurado ao pescoço
Vai levá-la sim, mas é pro fundo do poço


Presta atenção ao que eu te digo agora:
"Muda tua vida, lança esses ídolos fora!
E vem conhecer o DEUS da liberdade
Que só se adora em espírito e em verdade!"


Como pensa conseguir
Salvação dessa maneira,
Curvando-se a ídolos
De carne, pedra, metal e madeira?


Enquanto isso, DEUS, lá do céu te observa
E espera que um dia você entenda a verdade
Que há um só DEUS sobre todo o Universo
E é esse DEUS que lhe dá a liberdade


De escolher entre a luz e as trevas
Entre a escuridão ou a eternidade
Mas como pode você ao menos ouvir
Se são os seus ídolos que tem prioridade?


Como pensa conseguir
Salvação dessa maneira,
Curvando-se a ídolos
De carne, pedra, metal e madeira?


( Robson Lelles @1998)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sete lições de liderança econômica do Egito Antigo


Por Steve Denning - em 8 de agosto de 2014. 
(Trad: Robson Lelles) @RobsonLelles - Original em http://onforb.es/1sFgafZ

Podemos aprender algo sobre liderança econômica do antigo Egito?
Surpreendentemente, John Lanchester, do "The New Yorker" sugere que sim.

No antigo Egito, o evento econômico mais importante era a inundação anual da planície do Nilo. Nessa economia agrícola, tudo depende dela. Muita ou pouca água? As colheitas falham e as pessoas morrem de fome. Apenas a quantidade certa? Colheita abundante e todos florescem. As pessoas mais poderosas na terra eram os sacerdotes, que conduziam cerimônias elaboradas, prevendo a chegada do ano de enchentes e daí a campanha agrícola. O sacerdócio baseava-se em mitos, símbolos e rituais para adivinhar a vontade dos deuses, dessa forma usufruindo de vasto poder no seio de uma sociedade notavelmente estável ao longo de vários milhares de anos.

"Mas os sacerdotes estavam fraudando", escreve John Lanchester em um artigo fascinante em "The Money Talks New Yorker". "Eles tinham algo mais: Nilômetros. Estes dispositivos consistiam em grandes estações de medição permanente, com linhas e marcadores para prever o nível da inundação anual, situada apenas em templos com acesso restrito aos sacerdotes e príncipes. Somados a registros precisos de padrões de inundação que remontam a séculos, Nilômetros eram uma ferramenta necessária para o controle do Egito. Eles ajudaram a dar aos sacerdotes e aos da classe dominante muito de sua autoridade. "

"O mundo está cheio de sacerdócios," Lanchester continua. "Por um lado, há os cálculos que os profissionais fazem em privado; por outro, elaborados rituais e linguagem, projetados para mistificar, intimidar e enganar ".

Lanchester sugere que, assim como no Egito antigo, o mundo das finanças modernas tem seu próprio conjunto de sacerdotes, com os seus próprios elaborados rituais, mitos e símbolos, tudo visando enganar, mistificar e intimidar.

Lição # 1: Sacerdotes Econômicos invertem o sentido das palavras

Os sacerdotes modernos do financiamento global e redefiniram as palavras-chave e deram-lhes um significado que é "o oposto de, ou pelo menos muito diferente, do seu sentido inicial." (Lanchester chama isso de "reversificação" Não é em si o mais afortunado dos termos recém-inventados) Assim:

  • "Fundos de hedge" que ostensivamente protegem contra o risco, na verdade, criam risco. "O que na verdade esses fundos não são é cobertos. A maioria dos fundos de hedge falham: sua expectativa de vida média é de cinco anos... No período de três anos, cerca de um terço de todos os fundos desapareceu".
  • "Securitização" soa como se trata-se de segurança e confiabilidade, e tornar as coisas mais seguras. "Não é assim. Securitização... pode ser colocada para uso maligno... a premissa básica do sistema bancário - que você só empresta dinheiro para as pessoas que podem pagá-lo – tem sido prejudicada."
  • "Austeridade" não significa o que significa normalmente se espera: simples, rigorosa, severa. "A palavra 'austeridade' reflete uma tentativa de fazer algo com tom moral basead em valores de reduções específicas nos gastos do governo que resultam em perdas específicas para pessoas específicas. Para as pessoas que não usam qualquer um dos serviços afetados -  isto é, para os ricos - estes cortes podem ter nenhuma desvantagem. Eles são um caso de “você perde, nós ganhamos”.
  • "Bail-out" no mundo real significa "despejar água para fora de um barco", tornando-o mais seguro. "Esse verbo tem-se reversificado, de forma que signifique uma injeção de dinheiro público em uma instituição em dificuldades; ‘tirar algo perigoso’ se transformou em ‘colocar algo vital’."
  • "Crédito" foi reversificado. Em vez de o sentido positivo da confiança e firmeza da verdade ou da realidade de algo, agora isso significa a aquisição de um passivo financeiro.
  • "Inflação": em vez de significar algo está crescendo e se expandindo, isso significa que o dinheiro vale menos.
  • "Sinergia" significa reduzir pessoal.
  • "Ativos não essenciais" significa lixo.


E assim por diante.

Lanchester conclui que "palavras não significam o que elas já fizeram significaram um dia. Não é um processo destinado a enganar, mas, como o Nilômetro; ele limita o conhecimento a um sacerdócio, o sacerdócio de pessoas que podem falar de dinheiro. "Como resultado, eu disse, precisamos entender a linguagem das finanças e aprender como medir o nível do Nilo para nós mesmos".

Lição # 2: Nilômetros pessoais não são práticos.

Mas é realmente prático "medir o nível do Nilo para nós mesmos"? Assim como o povo do Egito antigo não tinha acesso aos dispositivos de medição que teria dito a eles o que realmente estava acontecendo no rio Nilo, da mesma forma hoje os cidadãos, não só não têm acesso às informações sobre o que está acontecendo no setor financeiro: não é fácil ver como eles poderiam nunca tê-lo visto.

Por exemplo, é realmente possível para o cidadão chegar ao fundo das travessuras do Goldman Sachs no mercado de alumínio? Como o New York Times informou em 2013:

"Centenas de milhões de vezes por dia, americanos sedentos abrem uma lata de refrigerante, suco ou cerveja. E cada vez que eles fazem isso, eles pagam uma fração de um centavo a mais por causa de uma manobra astuta do Goldman Sachs e outros agentes financeiros que, no fim das contas custa aos consumidores bilhões de dólares. "

"A história de como isso funciona começa em 27 armazéns industriais na área de Detroit, onde subsidiária Goldman armazena alumínio dos clientes. A cada dia, uma frota de caminhões embaralha barras de 1.500 quilos do metal entre os armazéns. Duas ou três vezes por dia, às vezes mais, os condutores fazem os mesmos circuitos. Eles carregam em um armazém. Eles descarregar em outro. E então eles fazem isso de novo. "

"Essa dança foi coreografada por Goldman para explorar normas sobre preços estabelecida por uma bolsa de mercadorias no exterior... O vai-e-vem alonga o tempo de armazenamento. E isso adiciona muitos milhões por ano para os cofres do Goldman, que detém os armazéns e encargos alugar para armazenar o metal. Além disso, aumenta os preços pagos pelos fabricantes de todo o país e os consumidores ".

Também não seria possível manter-se JPMorgan sem seu esquema análogo a ganhar dinheiro com o cobre.

"Em 2010, o JPMorgan calmamente embarcou em uma enorme onda de compras no mercado de cobre ... Ao mesmo tempo, o JPMorgan, que também controla armazéns de metal, começou a procurar a aprovação de um plano que lhe permita, em última análise, da Goldman Sachs e BlackRock, uma grande empresa de gestão de dinheiro, para comprar 80 por cento do cobre disponível no mercado e em nome de investidores prendê-lo em armazéns"...

"Depois de uma intensa campanha de lobby por parte dos bancos, Mary L. Schapiro, presidente da SEC, aprovou os novos fundos de cobre em dezembro de 2012, durante seus dias finais de mandato. Funcionários do S.E.C. acreditavam que os fundos acompanhariam o preço do cobre, não empurrá-lo, e concordaram com a contenção das firmas - dicutida por alguns economists -  que a redução da quantidade de cobre no mercado não iria aumentar os preços".

Estes não são exemplos isolados. Considere os seguintes exemplos de práticas questionáveis ​​generalizada entre os grandes bancos:

  •     Negociação que deu errado, como na perda comercial do JPMorgan de US$ 6 bilhões.
  •     A fixação dos preços à taxa LIBOR, em que a maioria dos maiores bancos estava envolvida.
  •     Abusos de encerramento, custando bilhões de dólares de clientes.
  •     A lavagem de dinheiro, pelos maiores bancos de dinheiro das drogas ilegais e canalização de dinheiro ilegalmente para o Irã.
  •     Facilitação de evasão fiscal, bancos suíços em particular entre os principais.
  •     Enganar os clientes com títulos mobiliários sem valor:
  •     Jogando com Derivativos: A maioria dos grandes bancos são ativos em US $ 700 trilhões em derivativos, no que se tornou um massivo cassino global.
  •     Negociação de alta frequência.
  •     Negociação em segredo - "dark pools".


Não há nenhuma maneira pela qual os indivíduos possam ter "Nilômetros pessoais" para entender e monitorar tais atividades de grande escala deliberadamente conduzidas em segredo.

A tarefa é ainda mais complicada pelo fato de que nem tudo que os bancos fazem é ruim.

Lição # 3: O sacerdócio econômico não é de todo ruim

Assim como o sacerdócio egípcio servia a uma função social útil para prever com precisão o tamanho da inundação anual do Nilo, da mesma forma o setor financeiro - para além de suas atividades questionáveis - serve a uma função social útil no financiamento da economia real de bens e serviços, provendo cidadãos e empresas com segurança financeira. A questão é: onde terminam as "coisas boas" e onde começam as "coisas ruins"?

Como John Lanchester aponta, é difícil manter as atividades do setor financeiro em perspectiva: "A maioria dos textos sobre estes assuntos foi feita por jornalistas de negócios que pensavam que tudo sobre o mundo dos negócios era excelente ou por opositores furiosos de esquerda que achavam que tudo era tão horrível que tudo que era necessário era uma denúncia raivosa. Ambos os lados perderam as complexidades e portanto o interesse da história. "

Embora haja uma abundância de razões para a raiva contra os grandes bancos, o desafio é resolver quais são as atividades que fazem crescer a economia real de bens e serviços, e quais são as atividades que são essencialmente um jogo de soma zero de um jogo socialmente inútil?

A situação hoje é que os jogos de soma zero da indústria financeira não são apenas um pequeno espetáculo. Eles têm crescido de forma quase exponencial e tornaram-se o principal jogo do sector financeiro. Prêmio Nobel Robert Shiller ainda comemora o surgimento do capitalismo financeiro. "Nas últimas décadas", escreve: "tenho testemunhado a ascensão do capitalismo financeiro: um sistema em que as finanças, que um dia foram servas da indústria, tomaram a liderança de condução do motor do capitalismo." Shiller afirma que "parece haver nenhuma alternativa viável" para a versão atual do capitalismo. O que Shiller não menciona é que o financiamento é um meio, não um fim.

Quando o financiamento se torna o fim, não os meios, então o resultado é o que o analista Gautam Mukunda chama de "financeirização excessiva" da economia, como seu excelente artigo de "O Preço do Poder de Wall Street" na edição de junho de 2014 da Harvard Business Review deixa claro.

Para além do "poder desequilibrado" do setor financeiro e a tendência de um setor financeiro superdimensionado para causar cada vez mais crashes financeiros ruins, a financeirização excessiva leva a recursos que estão sendo mal distribuídos. "Em muitos dos segmentos de mais rápido crescimento do setor financeiro desde a desregulamentação – como os bancos de investimento - as transações são principalmente de soma zero."

Lição # 4: Compreender o grande quadro

Uma diferença hoje do Antigo Egito é que a sociedade egípcia era notavelmente estável ao longo de milhares de anos, enquanto nossa economia hoje está passando por uma transformação tecnológica maciça. O sacerdócio econômico no antigo Egito desempenhou um papel fundamental na preservação da estabilidade - chame-a de estagnação, se quiser.

No entanto, em tempos de rápida transformação tecnológica como hoje, o papel econômico do sacerdócio na proteção dos seus próprios interesses pode se tornar massivamente desestabilizadora. Assim, sabemos a partir da história do último par de séculos, que em tempos de transformação tecnológica rápida, o setor financeiro tende a ficar desconectado da economia real, que se destina a ir além dos retornos entediantes de financiamento da economia real e emular retornos "emocionantes" da nova tecnologia em todas as suas atividades.

Isso tem ocorrido várias vezes nos últimos cem anos, incluindo a Canal Mania (Inglaterra-1790), a Trilho Mania (Inglaterra-1840), a Era Dourada (US: 1880-início de 1900), os loucos anos vinte (US- 1920) e os grandes bancos de hoje.

Assim, em tempos de tecnologia transformacional, há uma enorme expansão do investimento, impulsionado pelo setor financeiro. Investidores ricos começam a esperar retornos excepcionais e assim há um excesso de investimentos. As bolhas resultantes estouram no devido tempo. Se a sociedade é confiável para controlar a economia financeira e reorientá-lo sobre a economia real de bens e prestação de serviços, a prosperidade duradoura pode ocorrer. Se não, a sociedade pode deslizar em declínio duradouro com pouco ou nenhum crescimento real e aumentar a desigualdade crescente. Esse é o conjunto de desafios que enfrentamos hoje.

Lição # 5: É difícil mudar o status quo

Assim como o antigo sacerdócio econômico egípcio se agarrava ao poder à medida que a economia estagnava, da mesma forma o sacerdócio econômico de hoje não mostra sinais de abandonar seus ganhos ou poder. O apetite e a expectativa de retornos extraordinários ainda estão lá. Como os banqueiros Kevin Warsh e Stanley Druckenmiller apontam no Wall Street Journal, "caciques corporativos racionalmente escolhem recompra financiada de ações de engenharia financeira de dívida, por exemplo, em vez de investimento de capital em propriedade, instalações e equipamentos. Os mercados financeiros recompensam o ativismo do acionista. Os investidores institucionais estendem seus parâmetros de risco para superar seu benchmark... Mas crescimento econômico médio real um pouco acima de 2 por cento pelo quinto ano consecutivo, permanece fazendo muita falta".

Como resultado, a economia permanece na "Grande Estagnação" (Tyler Cowen), também conhecida como "A Estagnação Secular” (Larry Summers). Ela está sendo executada sob contínuo suporte de vida às custas da Reserva Federal. As grandes empresas ainda parecem ser rentáveis. A aparência, embora não seja real, de bem-estar econômico tem sido suficiente para fazer o mercado de ações subir. Então os próprios sacerdotes começam a acreditar nos mitos e rituais.

Lição # 6: O progresso depende dos funcionários proativos

Assim como nenhuma mudança foi possível na sociedade egípcia antiga, desde que o sacerdócio econômico conspirou para preservar o status quo, da mesma forma os excessos e prevaricações do setor financeiro continuará enquanto os reguladores sejam os líderes de torcida.

Há uma tendência de que os reguladores se tornem complacentes e também aceitem o status quo das empresas que supostamente regulam. Quando todos os grandes bancos estão envolvidos em atividade questionável em uma base diária, então o desafio para os reguladores não é de responder reativamente para encontrar o malfeitor estranho, mas pensar de forma proativa quanto à forma de inspirar a mudança em uma indústria que está profundamente falha como um todo.

Basta ouvir a presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), Mary Jo White, da Universidade de Stanford Rock Center de Governança Corporativa falar com os diretores. Em seu discurso, ela não faz segredo de sua visão de que o regime das empresas globais é sólido. O trabalho da SEC, conforme descrito no discurso, é encontrar o único estranho que poderia estar fazendo algo errado. A ideia de que as atividades de grande escala dos grandes bancos podem ser socialmente corrosivas não é sequer abordada. O discurso não mostra interesse algum no risco sistêmico. Mesmo que a SEC tenha poderes limitados para regular companhias incorporadas sob a lei do Estado, o desafio da liderança é ainda o de inspirar mudanças.

É portanto uma boa notícia para ler essa semana, que os reguladores bancários - o US Federal Reserve e o Federal Deposit Insurance Corporation -, tiveram a coragem de rejeitar os planos de emergência para falências de onze gigantes de Wall Street. A lei Dodd-Frank exige que os bancos apresentem seus planos para evitar outra situação tipo "grande demais para quebrar" como a de 2008, onde os contribuintes tiveram que socorrer os bancos para evitar uma catástrofe econômica.

Como o WSJ Ryan Tracy, Victoria McGrane e Christina Rexrode relatam, os reguladores disseram que os planos de falência apresentados pelos grandes bancos fizeram suposições "irrealistas ou inadequadamente suportadas" e "deixaram de fazer, ou até mesmo de identificar, as mudanças na estrutura e práticas de empresa necessárias para reforçar as perspectivas de" uma falha ordenada. Os reguladores aludiram à possibilidade de regras mais duras sobre o capital próprio e alavancagem ou restrições sobre o crescimento e até mesmo quebrando-os à força eventualmente, se eles não conseguirem fazer progressos significativos para suprir as lacunas até julho de 2015. Os resultados se aplicam à maior parte dos grandes bancos, incluindo Bank of America [BAC], JPMorgan [JPM] e Goldman Sachs [GS].

Outro sinal desta semana que nem toda agência reguladora está dormindo ao volante foi a ação da Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido para restringir a distribuição de títulos de alto rendimento convertíveis em contingência, que se convertem em capital quando o patrimônio de um banco cai abaixo de um determinado limiar de desencadeamento. Bancos já emitiram mais de US$100 bilhões destes instrumentos "de risco e de alta complexidade" para investidores de varejo. Esses títulos "contam com a ilusão dos investidores considerando-os como dívida, enquanto os emissores os contam como patrimônio líquido."

Estes são dois sinais regulatórios positivos do estado de alerta, mas ainda há um longo caminho a percorrer antes que possamos dizer que a indústria financeira é segura em qualquer sentido.

Alcançar a segurança não se torna mais fácil pelo fato do moderno sacerdócio - os gestores de grandes empresas e os bancos - ter, como os seus antepassados ​​egípcios antigos, encontrado maneiras de participar da economia de casino e se beneficiar de "ganhar dinheiro sem dinheiro", mesmo quando a economia como um todo sofre. Como Upton Sinclair escreveu: "É difícil fazer um homem entender algo, quando seu salário depende dele não entender isso."

Lição # 7: Desamarre os mitos e rituais da realidade

Assim como no Egito antigo, nenhum progresso foi possível desde que os mitos e rituais do sacerdócio econômico e suas oferendas aos deuses foram amplamente aceitos como verdadeiros indicadores do que estava acontecendo, da mesma forma hoje nenhum progresso é possível desde que os mitos e rituais do sacerdócio econômico moderno ainda tem um poder penetrante da mente das pessoas. No antigo Egito, os mitos e rituais eram relacionados com as intenções dos deuses vis-à-vis o nível do rio Nilo.

Na economia moderna, os mitos e rituais do sacerdócio econômico são construídos sobre a noção de que o objetivo de uma empresa é maximizar valor para os acionistas e a noção de que se o preço das ações aumenta, as coisas estão indo bem. Esses pensamentos são os fundamentos intelectuais das atividades de soma zero da indústria financeira para "ganhar dinheiro sem dinheiro", por qualquer meio possível.

Como os mitos e rituais dos sacerdotes do antigo Egito, a teoria de valor ao acionista é defendida com conotações religiosas. Valor para o acionista, que até Jack Welch chamou de "a ideia mais idiota no mundo," continua prevalecente nos negócios, embora seja responsável pelo offshoring massivo da produção, destruindo assim os principais segmentos da economia dos EUA, minando nossa capacidade de competir nos mercados internacionais, matando a recuperação econômica.

Daqui para frente, a escolha é clara para a sociedade.

Assim como o antigo Egito escolheu estase interminável e estagnação, nossa sociedade pode optar por continuar no caminho atual e submeter-se aos mitos e rituais do sacerdócio econômico. Se as grandes empresas e seus gestores - com o apoio da indústria financeira e o Fed - continuarem a se concentrar em ganhar dinheiro sem dinheiro para si, em termos de extrair valor das empresas, podemos esperar cada vez mais por uma série de bolhas, falhas e declínio econômico globais.

Se em vez disso a sociedade decidir que o setor financeiro deve concentrar-se na sua função social importante de financiamento da economia real e fornecer segurança financeira para um círculo cada vez mais amplo de cidadãos e as empresas, poderemos desfrutar de uma era de crescimento e prosperidade duradoura.


A nossa sociedade tem feito a escolha certa em algumas épocas anteriores. Por que não hoje?

terça-feira, 24 de junho de 2014

Seis lições de inovação de Bill e Melinda Gates: a número 4 vai quebrar seu coração


(Traduzido do original de Michelle Atagana em: http://bit.ly/1l6x1BB )

Eu escutei o discurso de abertura de Bill e Melinda Gates na Universidade de Stanford no fim de semana e uma coisa se destacou: o casal é grande em inovação. Este é, no fim das contas, o cara que revolucionou a face da computação pessoal.

O discurso foi bastante instigante, sobre o que a verdadeira inovação é realmente, o que a tecnologia é e no que ela pode ser utilizada. É papel da tecnologia da tornar a vida das pessoas melhor? A vida de quem? A inovação deve ser a ponte sobre o fosso digital? Quem está oferecendo tecnologia agora?

"Se crianças ricas tem computadores e crianças pobres não, então a tecnologia torna a desigualdade pior", disse no início do discurso o casal Bill Gates.

Há um debate constante na África sobre quais problemas os empresários precisam resolver e o que precisa acontecer aqui antes de começarmos a competir com Instagrams, Twitters e Facebooks do Ocidente.

O casal vê o mundo de inovação com duas lentes distintas: otimismo e de igualdade.

"Se você é um cientista com uma nova descoberta, ou trabalha nas trincheiras para entender as necessidades dos mais marginalizados, você está alcançando avanços surpreendentes no que os seres humanos podem fazer para os outros", diz o casal.

    
Ao mesmo tempo, se você perguntar às pessoas através dos Estados Unidos [ou mundo] se o futuro vai ser melhor do que o passado, a maioria dirá que não. Meus filhos vão ser piores do que eu. Eles acham que a inovação não vai tornar o mundo melhor para eles ou seus filhos. Então, quem está certo? As pessoas que dizem que a inovação irá criar novas possibilidades e tornar o mundo melhor? Ou as pessoas que vêem uma tendência para a desigualdade e um declínio na oportunidade e não acham que a inovação vai mudar isso? Os pessimistas estão errados, na minha opinião.


 Aqui estão algumas idéias que eu acho que qualquer empresário precisa manter próximo ao coração ao pensar sobre sua próxima grande idéia.



1. Trabalhe nos problemas mais importantes

"Nossa fórmula tem sido a de ter as pessoas mais inteligentes e criativas trabalhando nos problemas mais importantes."


Há tantos empresários inteligentes lá fora, faz sentido que eles devam ocupar-se trabalhando nos problemas mais importantes do mundo. Da maneira que eles poderiam vê-lo, não há nenhum senso em ter inteligência e oportunidade, se você não está indo fazer algo útil com elas. Deixe sua inovação valer a pena. O inventor da tecnologia continua a dizer que a inovação pode resolver qualquer problema.

2. Capacite as pessoas

"Eu acreditava que a magia de computadores e software seria capacitar as pessoas em todos os lugares e tornar o mundo muito, muito melhor."


Esta escola de pensamento é bastante comum. Na conferência Microsoft Sharepoint no início deste ano, Bill Clinton falou sobre o papel da tecnologia na mudança de vida e na capacitação das pessoas e em dar-lhes esperança. A inovação deve capacitar as pessoas.

3. Você não pode mudar o mundo se você ainda não enxergou o problema

"Não importa quanto sofrimento vemos, não importa o quão ruim é, podemos ajudar as pessoas se não perdermos a esperança e se não desviarmos o olhar."


Você não pode conceituar e encontrar a solução para um problema que você nunca experimentou ou testemunhou. O casal acha que, para ser verdadeiramente inovador, você tem que olhar para o problema e testemunhar o sofrimento que o problema causa.

4. Deixe o seu coração quebrar

"Deixe o seu coração quebrar. Ela vai mudar o que você faz com o seu otimismo."


Isso remonta à perfeita compreensão do problema. Se você deixar seu coração quebrar, dizem Bill e Melinda Gates, vai mudar a forma como o seu otimismo funciona e o que você faz com ele. Ele vai inspirá-lo a fazer mais para ser melhor e mudar o mundo.

5. Seja otimista


"Otimismo é muitas vezes visto como uma falsa esperança. Mas há também uma falsa desesperança."

Não há nada mais motivador para os empresários com grandes idéias do que o otimismo que pode resolver um problema particular. Toda conversa do casal paira sobre o otimismo como um fator-chave de inovação e que é o combustível que traz grandes descobertas.

"Mesmo em situações terríveis, o otimismo move a inovação e leva a novas abordagens que eliminam o sofrimento."

6. A tecnologia deve beneficiar a todos

"A tecnologia deve beneficiar a todos. Então, nós trabalhamos para fechar a brecha digital."

Há tanta desigualdade no mundo que não precisamos adicionar mais a ela, mas sim erradicá-la. De acordo com o casal, se sua inovação amplia o fosso digital, talvez, ela precisa de uma reformulação. Gates fala sobre visita à África do Sul no fim do Apartheid e sobre a percepção de que as pessoas precisavam de mais do que computadores para melhorar suas vidas - eles precisavam de inovação em saúde e educação para ajudá-los.

"Se a inovação é puramente impulsionada pelo mercado, e não nos concentramos nas grandes desigualdades, então poderíamos ter avanços e invenções surpreendentes, que deixariam o mundo ainda mais dividido."