segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Provocação em Três Atos



Cena 1: Gênesis 16:1-2



Sarai tenta “potencializar” o cumprimento da promessa de DEUS em sua vida. Ela acha que DEUS está demorando em cumprir a promessa de fazê-la conceber e dar à luz um filho. Justo ela que duvidou e riu da promessa no dia em que foi notificada a respeito, por anjos do Senhor.

O paradoxo é que ela tenta “adiantar o expediente” de DEUS justamente se autoexcluindo do processo de concepção e gestação do filho da promessa. A profecia se referia a ela e Abrão, mas ela acha que qualquer outra mulher sob a tenda de Abrão pode assumir seu lugar, com vantagens.

Este “senso de renúncia” não é aprovado por DEUS. O que Sarai articulou acaba se virando contra ela própria e contra a sua própria descendência, que ainda estava por vir. Ismael, filho de Abrão com sua serva Agar, tornou-se num povo que é até os dias de hoje o maior inimigo dos judeus.

Ainda que Sarai tenha tentado conformar a vontade de DEUS às vontades humanas, DEUS não deixou de cumprir sua promessa: Sarai deu à luz Isaac, mas teve de enfrentar e depor os usurpadores – ainda que por sua escolha e culpa – de sua condição de “mãe de muitas nações”.

A pressa e o falso senso de renúncia de Sarai levaram DEUS a estabelecer justiça sobre Agar e Ismael, tornando-o poderoso neste mundo, bem como à sua descendência.



Cena 2: 1 Samuel 18:20-24



Mical, filha do rei Saul, apaixona-se por Davi. Saul percebe e fica contente, pois pretende usar a própria filha como armadilha para dar fim à vida de Davi, através da exigência de um dote no mínimo inusitado: nada menos que cem prepúcios filisteus.

Davi vai ao encontro dos filisteus e retorna com o dobro do dote exigido por Saul, conquistando o direito de desposar a filha do Rei. Como Saul prosseguisse na sua sanha assassina em relação a Davi, Mical teve que lutar pela vida do seu amado (1 Samuel 19:11-17), enfrentando o próprio pai.

No entanto, aí entra em cena o paradoxo, conforme retratado em 2 Samuel 6.16: o amor de Mical aos usos e costumes aristocráticos é maior que o seu amor por Davi – e maior que o seu amor a DEUS. Ao presenciar seu rei e marido dançando alegre à frente da Arca da Aliança, que retornava ao seu povo graças ao empenho e fé de Davi no Altíssimo, ela o despreza e o demonstra com palavras duras. Essa atitude tirou-lhe o direito de conceber e dar à luz o herdeiro de Davi (1 Crônicas 15.29).

Ironicamente, o herdeiro de Davi no trono de Israel (Salomão) viria de um relacionamento iniciado à base de adultério e assassinato (Bate-Seba, viúva de Urias) – e não de um relacionamento que nasceu sob a égide do heroísmo e da fé.

É como se DEUS dissesse a Mical que Ele não depende de um útero real para gerar um rei – DEUS usa quem Ele quer para atingir seus propósitos.



Cena 3: Gênesis 25:28-34



Esaú, gêmeo de Jacó, não dava importância a uma condição que já era sua desde o nascimento: a benção da primogenitura. Ele confiava mais na própria capacidade de resolver suas necessidades e desejos, do que nos princípios e valores estabelecidos pelo Criador de todas as coisas – visão curta, limitada, perigosa aos olhos de DEUS.

A leviandade e soberba de Esaú para com as coisas do Reino de DEUS o levaram a abrir mão de um direito que era seu desde o nascimento, tirando-o da linha genealógica de onde viria o Messias.

Jacó (Ya’acov), o novo primogênito, significa “suplantador” ou “aquele que luta e vence”. Mais tarde receberia um novo nome, Israel (Yisra’el), que significa “o que vence com DEUS”.



Gran Finale: João 4:23-24; 16.13


Se bem é verdade que o próprio DEUS já deixou claro como deseja ser cultuado e adorado por seus filhos ("em espírito e em verdade"):


  • Por que então ainda vemos, nos dias de hoje, Sarai tentando “potencializar” o propósito de DEUS segundo métodos e prazos que nascem no enganoso coração humano?
  • Por que então ainda vemos, nos dias de hoje, Mical aferrada a costumes e usos da aristocracia secular, valorizando mais o cargo, o posto ocupado – e o poder a ele atribuído – enquanto vai se tornando estéril de corpo e de espírito?
  • Por que então ainda vemos, nos dias de hoje, Esaú confiando na própria força e estratagemas humanos imediatistas, quando na verdade está entregando sua bênção valiosíssima por uma satisfação momentânea? (Será que Esaú não sabe que enquanto neste mundo viver, voltará a sentir fome, mas já não terá mais sobre si a bênção da primogenitura?)

A resposta para as três perguntas acima é a mesma e cada vez mais se espalha entre os autodeclarados filhos de DEUS: Fé no poder dos discursos e ensinos de homens e ignorância quase que total sobre os propósitos de DEUS para suas próprias vidas.


Que DEUS tenha misericórdia de nós.