sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Oculto do Pretérito

"Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar". (João 16:12-14)

O tempo vem e esta é a hora em que os posicionamentos dentro da Igreja ficarão muito claros.

Quem tem vivido confortavelmente em cima do muro já não poderá descer dele sem quebrar uma perna - e ainda assim achará que valeu a pena pagar o preço para descer dali, pois verá quão triste é o destino dos que lá permanecerem.

Os indiferentes já não terão visão e audição para ver e ouvir os argumentos que fariam com que passassem a crer - e então a sua opinião já não fará mais diferença.

Os extremistas serão desacreditados, tal e qual cegos e surdos, porque não quiseram ver e ouvir além do erro que está em seu coração.

Quem amar mais a sua denominação do que o Evangelho de Jesus receberá um mero brasão sem valor por recompensa, pois DEUS não busca salvar a quem ostenta brasões de denominações com mais orgulho do que proclama palavras de bênçãos e salvação aos perdidos. 

DEUS busca aqueles que amam o evangelho, ainda que desconheçam princípios considerados teologicamente básicos ou "radicais demais" pela maioria. Porque Ele capacita os seus escolhidos e nenhum desses foge ao cumprimento de sua missão até o último ponto.

Por mais que doa ouvir ou ler certas passagens no texto sagrado, por termos passado tudo que já passamos, visto o que já vimos, errado o que já erramos e corrigido o que já corrigimos, há muito proveito nos ensinamentos ali contidos.

Certa vez, a banda da qual eu participava foi convidada a participar de um encontro de louvor e adoração num Centro Cultural de uma comunidade carente do Rio de Janeiro. 

Ao chegarmos lá, encontramos uma das pessoas responsáveis pela organização daquele evento que, vim a saber depois, era o que se convencionou chamar mais tarde de "baile gospel", algo surreal dentro do que se poderia supor, dentro uma proposta minimamente bíblica. Essa organizadora mostrou-se uma extremista radical da sua denominação, o que soava estranho para alguém que organizava eventos interdenominacionais. Falávamos de evangelho e ela, visivelmente agitada, retrucava com palavras de ordem e aforismos típicos de um fundamentalista. Aquela atitude me preocupou sobre o andamento e os propósitos daquele evento, voltada para a parcela adolescente e jovem daquela comunidade.

Quando finalmente o evento iniciou e a primeira banda subiu ao palco, a iluminação regular foi apagada e deu lugar a luzes piscantes coloridas, estroboscópicas, enquanto o vocal líder literalmente urrava as letras do que deveriam ser louvores. Aquela atitude intimidou os jovens ali presentes, que se espalharam pelos cantos daquele centro cultural, talvez imaginando qual seria o propósito daquilo tudo. 

Ao ver que as pessoas não correspondiam à sua expectativa - não dançavam, não pulavam, não gritavam -, aquele cantor interrompeu sua performance e passou a advertir agressivamente a platéia: "Olha só, nós estamos aqui para louvar e dançar para DEUS!" e prosseguiu, gritando de maneira ameaçadora: "Se vocês não dançarem... então o problema é de vocês!". Depois disso, cantou ainda mais duas canções e encerrou sua participação.

Chegara a nossa vez de participar do louvor. Pedimos que a iluminação regular fosse acesa, saudamos os presentes, pedimos que eles se aproximassem do palco, oramos juntos e iniciamos nossa participação. As pessoas em pouco tempo já louvavam conosco e foi então que, sem nossa autorização, apagaram as luzes e religaram os efeitos luminosos. Foi a minha vez de interromper a música e solicitar que cessassem os efeitos e religassem a iluminação regular, pois não estávamos ali para provocar outra sensação que não fosse a da presença do Espírito Santo de DEUS na vida daqueles jovens. 

Atendido o nosso pedido, retomamos os louvores e dessa vez fomos até o fim, com a participação espontânea da juventude daquela comunidade. Ao final da nossa participação, distribuímos entre os presentes alguns CDs de nosso último trabalho, desmontamos nosso equipamento e nos retiramos dali, enquanto o DJ novamente apagava as luzes, ligava os efeitos e lançava novos petardos musicais, fazendo com que os presentes novamente se encolhessem nos cantos. Senti pena daqueles jovens, pela pressão exercida pelos organizadores daquele evento para que aceitassem calados e sorridentes aquela modalidade de adoração, empurrada goela abaixo. Tentei imaginar em quanto tempo eles teriam cedido ao poder daquilo tudo e passassem a achar normal o que até então estranhavam e visivelmente evitavam.

Certos assuntos não podem e não devem ser tratados em tons pastéis. O que vimos ali não era uma evolução na forma de adorar a DEUS. Era a viva imposição de um modelo de negócio, voltado ao conteúdo dos bolsos e carteiras dos jovens evangélicos daquela comunidade, disfarçado de "adoração moderna". O nome disso não é outro que não desvio de finalidade. É a venda de um modelo de comportamento onde se anula a morte do indivíduo para as práticas abomináveis do mundo e o seu renascimento para uma vida santa, montando todo um ambiente propício à promiscuidade e todos os demais desdobramentos, de forma a devolvê-lo ao estágio anterior à sua decisão por seguir Jesus Cristo.

Você tem assistido a coisas semelhantes à sua volta? Qual é a sua atitude em relação a essas práticas? O que o Espírito Santo tem lhe dito a esse respeito? É esse o tempo para uma tomada de atitude, primeiro em relação a você mesmo e depois em relação aos seus próximos.

Que DEUS prossiga iluminando os seus caminhos. Amém.