quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Crônica de uma morte falsamente declarada e a lei dos 25%

Em 1992, a imprensa noticiava a chegada do CD-ROM como sendo a morte da mídia impressa e por conseguinte, das livrarias. Eu, declaradamente rato de livraria, imediatamente discordei e aproveitei aquela discordância para montar o meu TCC na disciplina de Marketing na Universidade Cândido Mendes. O trabalho recebeu o título de "Shopping Multimídia: Mecanismo de Transição para o Mercado Editorial", que apresentava o conceito dos estabelecimentos que hoje chamamos de Megastore - não com esse nome, é claro.

O professor Fernando gostou da ideia e me "ordenou" apresentar aquele trabalho, convertido em monografia, num concurso promovido pela Confederação Nacional de Diretores Lojistas, patrocinado pela Losango. Diante da minha resistência, ele me perguntou: "Se você não apresentar, vai ganhar algo?" Respondi que não, óbvio. Ele então me atropelou com "E se você apresentar e não vencer, vai ganhar algo?" Respondi de novo que não, já percebendo onde ele queria chegar. O xeque-mate veio em seguida: "Mas se você apresentar e vencer, vai ganhar uma bolsa de estudos para fazer pós-graduação onde quiser, certo?" Claro que respondi que sim.

Acabara de aprender a "Regra da Probabilidade Máxima de Sucesso" em qualquer empreendimento, ou seja: 

  • O mundo nos dá no máximo, bem no máximo, apenas 25% de probabilidade de sucesso diante de uma boa ideia. 
  • Os primeiros 50% você desperdiça quando resolve não implementar a ideia que teve.
  • Outros 25% você desperdiça quando resolve implementar a ideia mas ela não dá certo, pelas mais variadas e diversas razões. 
  • No fim, restam 25% de probabilidade da ideia dar certo e você ganhar alguma coisa com ela. 
Resolvi arriscar os meus 25% e venci o concurso, apesar de eu mesmo não acreditar naquela possibilidade!
Resultado: Ganhei a pós-graduação e fui cursar Marketing no IAG da PUC-RJ, onde convivi com algumas das mentes mais brilhantes que alguém poderia conhecer.

Três anos depois, em 1995, a Livraria Saraiva inaugurava sua primeira Saraiva Megastore em São Paulo, e logo depois outra, também em São Paulo, depois no Rio de Janeiro (Rua do Ouvidor), e depois em vários outros lugares.

Estava provado que o CD-ROM não acabaria com a mídia impressa, nem com as livrarias. Muito pelo contrário, convivem bem até hoje, inclusive com o recém-chegado e-Book e seus e-Readers.

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