sábado, 16 de junho de 2007

O Veneno da Inércia em Nossas Vidas

"Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: SENHOR, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço". (Mateus 25:6-12)

Creio que quando as pessoas estão imersas num cenário que se move pela inércia, elas passam a ser componentes ativos e passivos dele. Passivos porque sofrem as suas conseqüências. Ativos porque, por incrível que pareça, alimentam minuto a minuto as caldeiras mornas que mantêm suas vidinhas seguindo "assim, assim", como quem não quer nada – e não quer mesmo.

Raramente algumas dessas pessoas ousam levantar os olhos para além do chão onde pisam, talvez por medo que a intensa luz das mudanças as ofusque. Quanto mais tempo se passa mergulhado na inércia, maior é a tendência de se acreditar que tudo permanecerá como está, que o azeite durará para sempre em nossas lâmpadas, porque afinal de contas "sempre foi assim". Mesmo que se anuncie com todas as letras que a mudança ocorrerá, um levará o outro a permanecer naquela sonolenta e virtualmente eterna inércia.

Essa estabilidade perniciosa chega a um ponto em que todos passam a acreditar que nada ou ninguém será capaz de mudar aquele estado de coisas. Passam a agir em função da imutabilidade das pessoas, dos relacionamentos, dos processos, ignorando que lá fora o mundo gira e tudo se transforma. Ignoram mesmo que a mudança pode vir do lado de fora daquela redoma onde as pessoas se enfurnaram - e é geralmente de fora mesmo que a mudança vem e pega a todos de surpresa. É nessa hora que percebem que o azeite em suas lâmpadas está no fim e a escuridão é iminente. A essa surpresa alguns chamam "fatalidade", outros "destino", mas é tudo conseqüência natural da inércia que se alojou nos corações e mentes das pessoas.

Se a humanidade dependesse dessas pessoas, ainda estaríamos tratando infecções com ferro em brasa e azeite fervente, em vez de antibióticos. Quebrar a continuidade desse estado pode requerer um choque cultural que nem todos estão dispostos a suportar. É algo como se a pessoa tivesse os pés amarrados aos trilhos por onde passará o trem e, em vez de tentar de desamarrar e se libertar, ela opta por fechar os olhos - se ela não vê o trem, logo ele não existe. O noivo se demora, então dormem. No entanto, o noivo chegará, o trem passará, com ou sem a pessoa amarrada aos trilhos, a despeito daquilo que se passa na mente de quem optou por fechar os olhos. No entanto, quem se preparou, quem se proveu de azeite suficiente para manter sua lâmpada acesa até a chegada do noivo, quem se dispõe a desamarrar as cordas que o prendem aos trilhos, não só terá sobrevida, mas poderá entrar na tenda nupcial, embarcar no trem e seguir viagem.

A inércia nos leva a crer que somos todos tão imprescindíveis! Recentemente, a direção de uma importante empresa percebeu que teria que passar em breve por uma mudança cultural muito ampla e por isso decidiu preparar seus empregados para a tal mudança. Para tanto, organizou encontros semanais com profissionais especializados em gestão de mudanças e aconselhamento pessoal. Qual não foi a surpresa da diretoria ao ser notificada que a maioria dos empregados convocados simplesmente não comparecia aos encontros semanais, geralmente com o seguinte argumento: "Estou ocupado demais com minhas tarefas para perder uma manhã por semana ouvindo conselhos". Isso soa algo como "Deixe-me aqui, confortavelmente amarrado aos trilhos"!

Será que essas pessoas teriam ouvidos para ouvir o testemunho de quem um dia já se considerou imprescindível a uma empresa e ao mundo, até que de repente se viu jogado numa cama de hospital por dois anos e meio - quarenta e dois meses inteiros! - sem poder realizar nada daquilo que julgava imprescindível para a empresa e para o mundo? Que dura lição, ver as demais pessoas saindo todos os dias para os seus empregos pela manhã e voltando à noite, enquanto se está preso a uma cama, experimentando pela janela do quarto o sentido mais material de inércia e impotência que um ser humano pode experimentar! Não, ninguém é tão imprescindível a ponto de não poder separar um tempo e se preparar para continuar colaborando para a caminhada da empresa e da humanidade, enquanto tempo houver. Lembremo-nos: a lâmpada ilumina enquanto nela há azeite para queimar. Tratemos, pois, de nos provermos do azeite necessário para iluminar toda a jornada e não apenas parte dela. Àqueles que ainda não acordaram para o fato de que a mudança já começou; àqueles que optaram por fechar os olhos para o trem que apita na curva; àqueles que acham que tudo permanecerá como está: Já nada é como era!

Ainda que seus olhos não alcancem a mudança que já começou, meu conselho é: Àquele que dorme, que se levante. Àquele que está de pé, que caminhe.Àquele que caminha, que corra. Àquele que corre, que voe, pois estão soprando os ventos da mudança, e é hora de içar velas e esticar cordas para atravessar esse oceano e precisamos de todos aqueles que se disponham a navegar.Que DEUS prossiga abençoando a sua vida e o fruto do seu trabalho.

* Robson Lelles é executivo em Estratégias de Negócios. Pós-graduado em Marketing; graduado em Administração e Informática. Seminarista da 1ª Igreja Batista em Inhaúma, RJ. tel:(21)8858-5492 - robson.lelles@gmail.com

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