segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Absolvidos pela graça do Pai

Absolvidos pela graça do Pai

Nenhuma carne será justificada diante dEle pelas obras da lei, porque pela lei conhecemos o pecado

Robson Lelles

Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz - aos que estão debaixo da lei -, o diz para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso, nenhuma carne será justificada diante d’Ele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou - sem a lei - a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; isto é, a justiça de Deus, pela fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Romanos 3:19-26)

Este texto mexe com a mente humana de uma forma brutal: Quer dizer então que eu posso estar limpo perante a lei e ainda assim condenado por DEUS? Sim. Os fariseus gabavam-se de serem estritos observadores da lei, mas Jesus sabia o que ia em seus corações e mentes. Numa analogia aos dias de hoje, basta lembrar de tantos crimes abomináveis aos olhos de DEUS que só foram descobertos pelo homem quando já não era possível punir os culpados. No entanto, DEUS a tudo vê e nada Lhe passa despercebido. A Ele cabe o julgamento, pois Ele é o justo juiz.

Há um outro lado, mais intrigante ainda: É possível que perante a lei você esteja em posição condenável e ainda assim seja inocentado por DEUS. Novamente citamos os fariseus, que agora criticam a Jesus por permitir que seus discípulos colhessem espigas para comer durante o shabat. Nos dias de hoje, pense, por exemplo, nos missionários enviados por nossas igrejas a países onde pregar o evangelho de Jesus Cristo é considerado crime passível de pena de morte. Apesar de condenados pela lei, são santos perante os olhos de DEUS.

Na tentativa de formar um sistema impenetrável aos indesejáveis, capaz de filtrar qualquer intenção perniciosa, contrária aos objetivos do estado, a lei dos homens costuma evoluir no tempo, a tal ponto que se torna um emaranhado de regras que ninguém em sã consciência consegue cumprir em sua totalidade. Essa era a realidade do povo judeu sob o domínio de Roma à época de Jesus. Todos acabavam de alguma forma transgredindo algum ponto da lei.

A situação acabava se agravando quando entrava em cena um dos mecanismos mais sutis de dominação de povos conquistados pelos romanos: o sincretismo religioso. Este mecanismo chegou a tal ponto de estar entranhado na cultura romana, que o estado utilizava como fator de dominação social algo que na verdade se constituía uma fraqueza espiritual da população romana, que após eras de convivência com os povos dominados, acabava trazendo para dentro de suas casas e seu dia-a-dia as práticas religiosas de seus escravos. Nessa corrente foram adotados:

-O culto aos antepassados: Vide o filme “Gladiador”, onde o personagem Maximus cultua imagens da esposa e do filho, mortos numa emboscada.
-A absorção da mitologia grega: Áries-Marte, Afrodite-Vênus, Netuno-Poseidon, Zeus-Júpiter, Dionísio-Baco, etc.
- A oficialização do cristianismo como religião do estado romano pelo imperador Constantino: muito mais um movimento sincrético religioso que uma questão de fé e conversão propriamente ditas. Uma fusão entre os princípios e valores romanos aos princípios e valores cristãos. O próprio Constantino só foi se converter quando jazia no seu leito de morte.
- A absorção da mitologia celta pela doutrina católica apostólica romana: o culto à deusa-mãe, que acabou derivando no culto à “Nossa Senhora”.

O teólogo Israel Belo de Azevedo, no seu excelente artigo “Por que não creio na reencarnação”, publicado na Enfoque Gospel (ed.85, ano 7, agosto de 2008, p.56-57) levanta aspectos importantes quanto à influência desse sincretismo romano sobre as igrejas cristãs de forma recorrente até os dias atuais. É impressionante como linhas de pensamento inconciliáveis – no caso específico, a Lei do Carma e a doutrina da Graça de DEUS - conseguem caminhar lado a lado, como se irmãs gêmeas fossem, graças a um cimento sincrético adicionado de doses generosas de ignorância imposta e conivência intelectual eternizada em séculos de sede de poder. Quero aqui destacar pelo menos três aspectos que comprovam quão inconciliáveis são essas duas mentalidades:

1. A Graça de DEUS nos absolve da Lei do Carma

“Carma” é um termo oriental que traduz em uma palavra expressões como “Aqui se faz, aqui se paga” e “Olho por olho, dente por dente”. Segundo o dicionário Houaiss, temos:

“No hinduísmo e no budismo, lei que afirma a sujeição humana à causalidade moral, de tal forma que toda ação (boa ou má) gera uma reação que retorna com a mesma qualidade e intensidade a quem a realizou, nesta ou em encarnação futura [A transformação pode dar-se em direção ao aperfeiçoamento (mocsa, o fim do ciclo das reencarnações) ou de forma regressiva (o renascimento como animal, vegetal ou mineral).]. Forma sutil de matéria que, segundo o jainismo, se desenvolve na alma, prejudicando-lhe a pureza e, com isso, prolongando seu ciclo de transmigrações e adiando a possibilidade de salvação final”.


Todas as grandes religiões do mundo moderno adotam a lei do Carma como princípio, ainda que através de diferentes redações ou até mesmo de forma dissimulada, com outros nomes. A lei do Carma prevalece no mundo natural de forma mais imediata e facilmente aplicável. Ela determina que todo pecado deve ser punido.

Essa é a lei que nos condena a todos: se acaso passássemos a contar nossas boas ações em comparação aos nossos pecados, é certo que terminaríamos todos os dias com saldo devedor. Caso a cada fim de dia recebêssemos punição somente por nosso saldo negativo, todos seríamos, pelo menos, um bando de mutilados.
Se, por outro lado, recebêssemos punição para o total dos pecados cometidos, é provável que morrêssemos já no primeiro dia.

A menos, é claro, que alguém recebesse a punição em nosso lugar. Alguém muito especial, já que teria de ser um homem perfeito, original como aquele pelo qual o pecado entrou no mundo. É aí que entra em cena a Graça de DEUS: essa é a lei que trouxe a necessidade do sacrifício de Jesus Cristo para que não fôssemos todos destruídos. Quem insiste em viver sob a lei do Carma, não conhece ou – pior - rejeita a Graça de DEUS.

2. A Graça de DEUS nos absolve de nossos próprios erros

Quando a humanidade se tornou imperfeita no Éden através de Adão, também se tornou incapaz de prover a compensação pelos seus pecados, pois Adão era perfeito até então e se tornara imperfeito. Portanto, nada que a humanidade ofereça é capaz de reequilibrar a balança e eliminar o pecado do mundo. Ascetas de todas as correntes religiosas do mundo tentam inutilmente saldar suas dívidas espirituais se automutilando, seja pendurados por ganchos atravessados na própria pele, atravessando suas próprias línguas com peças pontiagudas ou mesmo achando que imitam a Jesus Cristo, se permitindo serem crucificados na semana da Páscoa.

Fato é: nem que toda a humanidade se oferecesse voluntariamente em holocausto a DEUS, poderia saldar essa dívida, que conforme já disse, demanda sangue de um homem perfeito – o que definitivamente não é o nosso caso. O somatório de todo sangue imperfeito do mundo não equivale ao sangue de um único homem perfeito.
Romanos 5:19-20 nos ensina:

“Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça”.

Foi para que a humanidade alcançasse a salvação que DEUS enviou Seu Filho na forma de homem perfeito – o segundo Adão –, para que Ele então sofresse em nosso lugar a punição devida.O que tivemos de fazer para alcançar essa bênção de DEUS? Nada. O que poderíamos ter feito? Nada. Esse é o princípio da Graça de DEUS, que nos absolve do Carma e de nossos próprios pecados.

3. A Graça de DEUS é um presente que VOCÊ tem que desembrulhar

Se bem é verdade que Jesus Cristo realizou em si mesmo o sacrifício de receber a punição que cabia à humanidade, então é verdade que aqueles que reivindicarem para si os efeitos dessa redenção não poderão mais ser acusados do pecado original.
Mas, e quanto aos pecados cometidos em função dessa imperfeição, herdada dos nossos ancestrais?

Esses pecados são perdoados através do arrependimento sincero, confessado a DEUS em oração, por aqueles que reivindicam para si a salvação através do sacrifício de Jesus Cristo. Não através de um intermediário “mais santo” que você: essa deve ser uma conversa pessoal, você e DEUS.

Diante da oração de arrependimento sincero dos pecados cometidos, DEUS apaga esses pecados, de forma que essa culpa também não possa ser lançada sobre os seus ombros. Se você tem andado por caminhos escuros, hoje pode ser o dia de se ver livre da opressão do pecado e do remorso.

A Graça de DEUS é assim mesmo: de graça, porque Ele é misericordioso e conhece cada recanto de nossas existências. Ele sabe que sem Ele, nada podemos fazer de bom a nós mesmos.Que tal desembrulhar o presente que DEUS nos enviou e tomar posse dele definitivamente?
Obrigado, Israel Belo de Azevedo!
Que DEUS nos abençoe. Amém.

Robson Lelles é executivo em inteligência de negócios e planejamento estratégico. Leciona Metodologia Científica e Monografia no STB-RJ. Pós-graduado em Marketing; graduado em Administração e Informática. Membro da PIB Inhaúma. Contato: (21)8858-5492 – robson.lelles@gmail.com

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