segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Crente (i)

O Crente (i)

Robson Lelles

"Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas." (Isaías 1:12-17)

Chega um dia que até mesmo DEUS se farta do comportamento daqueles que se arvoram a proprietários de seu culto; daqueles que, apesar de estarem sobre o altar, dão péssimo testemunho de reverência e adoração ao DEUS Altíssimo, comportando-se como se fossem soldados da fortuna, meramente contratados para executar uma parte específica do culto, ignorando e até mesmo atrapalhando os segmentos anteriores e posteriores à sua participação: não importa o que acontece antes e o que acontecerá depois da sua "performance" sobre o altar de DEUS.

Importa apenas que ele está ali para ser observado e admirado pelas suas qualidades inatas. A esse tipo de crente eu dei o nome de Crente [i]. Minúsculo mesmo, o [i] desse tipo de crente nos remete a situações que certamente já tivemos o desprazer de presenciar em algum momento menos afortunado de nossas vidas:

1. [i]nsensibilidade: o crente [i] não percebe que é observado. Acha que ninguém está assistindo ao seu proceder errado. Dá péssimo exemplo aos jovens e aos crentes recém-chegados. Se é obreiro, não busca ouvir às necessidades e solicitações dos membros da igreja, afinal ele já tem a perfeita noção do que é necessário fazer e ninguém precisa ensiná-lo.

Suas atitudes imprimem um padrão negativo no comportamento dos demais membros, mesmo aqueles que sabem que aquele comportamento é errado, afinal "se ele, que é antigo, faz, por que então eu não posso fazer também?".

2. [i]rresponsabilidade: o crente [i] não liga para o fato de que seu exemplo pode influenciar negativamente o desenvolvimento do culto e todas as demais instâncias da igreja. Chega mesmo ao cúmulo de se valer de desculpas tais como "faça o que eu digo e não faça o que eu faço", afinal, ele pode, os outros, não.

Se é obreiro, assume compromissos e não os cumpre, gasta recursos da igreja de forma desordenada, marca ensaios e não comparece, e quando aparece, é só no momento da apresentação, interferindo na concentração dos demais integrantes do grupo, em busca de detalhes que deveriam ter sido discutidos durante os ensaios. Ele mesmo acha as preparações e ensaios uma perda de tempo, afinal ele já sabe tudo o que tem que ser feito.

3. [i]nconstância: o crente [i] tem muita [i]niciativa. É um iniciador entusiasmado, mas raramente consegue concluir a contento aquilo que iniciou - e a culpa é sempre dos outros. Com o tempo, sua inconstância vai se tornando conhecida de todos e ele é cada vez menos solicitado, acabando por sentir-se preterido pela igreja. É certo que ele irá acusar a igreja por tê-lo segregado ao rol dos [i]núteis.

4. [i]rreverência: o crente [i] tem muito o que falar, por isso permanece conversando mesmo após iniciado o culto. O dirigente saúda a igreja, e o crente [i] prossegue interferindo na atenção do irmão ao lado, com o seu assunto [i]nadiável e [i]mportante.

Iniciam-se os louvores e o crente [i] tem sempre uma observação [i]nteressante e [i]nadiável a fazer ao irmão ao lado sobre o cântico em questão, quebrando a concentração de quem está à sua volta. Vem a pregação e o crente [i] tece comentários sobre a palavra pregada, como se fora uma pregação paralela à do culto.

Se é obreiro, passa a maior parte do culto do lado de fora do templo, cuidando de outros afazeres, e só permanece no templo o estritamente necessário para a sua participação - seja cantar, ler, ofertar, etc. O resto é conversa e distração.

Com o tempo, é comum que ele reúna em torno de si outros crentes, que se contaminarão e se tornarão crentes [i], passando a agir de forma semelhante, interferindo pesadamente no funcionamento do culto com a sua [i]rreverência coletiva.

Se você conhece um crente [i], ore por ele, para que ele acorde a tempo, pois ele se acha [i]mprescindível para a obra de DEUS e sequer percebe que tem desagradado tremendamente a DEUS com a sua [i]mpertinência.

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